Minha visão após 20 anos liderando times de tecnologia
Uma das perguntas que mais escuto — de clientes, parceiros e colegas — é: “Como montar e liderar uma equipe de alta performance?”
Essa dúvida aparece em conversas informais, em reuniões estratégicas e até em momentos de café. E faz sentido. Montar um time forte é um dos maiores desafios da liderança.
A minha resposta para essa pergunta mudou com o tempo. O mundo muda, as pessoas mudam, e a forma de liderar também precisa evoluir. Mas algumas coisas permanecem. E é justamente sobre isso que quero falar aqui — com base em mais de 20 anos liderando equipes em tecnologia.
Comece com a pergunta certa
Antes de entrar em qualquer modelo ou estrutura, gosto de inverter a lógica e devolver com uma provocação: O que é, para você, uma equipe de alta performance?
Pode parecer uma pergunta óbvia, mas o que é óbvio nem sempre é bem compreendido. E quando não sabemos exatamente o que estamos buscando, qualquer caminho parece certo — até que dê errado.
Para mim, alta performance é quando o time entrega resultado, se adapta rápido, aprende com os erros e volta ainda melhor. É um ciclo constante de evolução, não de perfeição.
Como montar esse time na prática?
Eu costumo dividir esse processo em três pilares principais:
1. Hard Skills – A base técnica
Aqui, avalio a capacidade do profissional de resolver problemas reais. No nosso universo de TI, isso significa saber codificar, arquitetar, automatizar, escalar. A parte técnica é a fundação.
É comum ouvirmos que comportamento pesa mais que técnica. Mas sinceramente? Sem base técnica, não tem entrega.
É como querer fazer uma cirurgia cardíaca com alguém que só entende de primeiros socorros. O profissional precisa dominar a especialidade para a qual está sendo contratado.
2. Fit Cultural – A base do pertencimento
Esse ponto é, muitas vezes, o que sustenta (ou derruba) um time no médio e longo prazo.
Fit cultural, para mim, é quando existe alinhamento entre os valores, atitudes e comportamentos do profissional e a cultura da empresa.
Não é contratar “pessoas iguais”, mas gente que compartilhe os mesmos princípios. E esses valores precisam ser vivos — praticados pela liderança, pela equipe e por quem toma decisão.
Valores, afinal, são a bússola que orienta as ações mesmo quando ninguém está olhando.
3. Soft Skills – A base do relacionamento
As habilidades comportamentais — como empatia, escuta, comunicação, adaptabilidade — são o que fazem o time funcionar bem no dia a dia.
Mas é importante lembrar que nem toda função exige o mesmo perfil. Para algumas posições, foco e autonomia são mais importantes do que habilidade de apresentar bem uma ideia. Por isso, aqui é uma análise de contexto.
E qual desses três é o mais importante?
A ordem faz diferença, sim. No meu processo, costumo seguir essa lógica:
- Começo pela parte técnica. É o ponto de partida para qualquer entrega.
- Depois avalio o fit cultural. Porque mesmo o melhor especialista pode comprometer o clima se não tiver alinhamento com os valores do time.
- E então as soft skills. Ajustadas ao que a função exige.
Montar um time de alta performance, na prática, é saber dosar esses três pilares com bom senso, propósito e visão de longo prazo.
Para encerrar
Montar uma equipe de alta performance não é só encontrar bons currículos. É construir um time que pensa junto, aprende junto e cresce junto.
Não estou propondo uma receita pronta — só estou dividindo aqui o que aprendi ao longo dos anos, o que testei, errei, ajustei e sigo praticando hoje na Logical Minds.
Se esse texto te fez pensar sobre o seu próprio time, ótimo. Esse já era o meu objetivo.
Se quiser continuar essa conversa, a porta está aberta.



